30 de agosto de 2015

A Escrita Entrevista: Bruno Mendez


"A Escrita Entrevista" está de volta, desta vez com uma entrevista concedida pelo cantor português Bruno Mendez.
O Bruno foi vocalista dos “Sky voices” e dos “New beat”, mas teve uma grande reviravolta na sua vida quando decidiu seguir carreira solo, em 2006.

O cantor já teve parcerias com artistas como TT, Cali Flow 212, Kilate Killa Money e Kiara Timas (ex “Just Girls”).

Após o grande sucesso dos álbuns “Um só sentido” (2013) e “Só swag” (2014), Bruno Mendez presenteou o seu público com o seu mais recente trabalho: “Viciado em ti” (2015) – um álbum de bastante sucesso que ocupa lugar no Top de CDs mais vendidos em várias lojas de Portugal, com as suas faixas alegres e contagiantes.


A escrita eu: O teu nome é mesmo Bruno Mendez?

Bruno Mendez: É nome artístico. Sou Mendes, não "Mendez" (com pronúncia espanhola), mas sou mesmo Bruno.

Bruno, porque seguiste o caminho da música?

Começou por ser uma aventura, a convite de um amigo que ia a um casting para uma boysband. Acabei por fazer e ser o escolhido.
Antes jogava no Benfica, nas camadas jovens, mas o gosto pela dança vem desde pequeno. Aos 5/6 anos já dançava.

Os óculos de sol e o cabelo alinhado são marcas da sua imagem.

A partir da tua história, vê-se que o mundo do espetáculo estava à tua espera, talvez desde sempre porque entre o futebol e a música há um espaço bem grande.

Sim, é verdade, sem dúvida. Pelos vistos, era inevitável vir a ser conhecido...

O teu som é muito bom. A batida é envolvente e parece-me uma mistura de vários géneros (gêneros) musicais. Como podemos defini-lo?

É uma fusão de culturas, mas nunca perdendo a identidade. Mesmo sendo estilos diferentes no mesmo álbum, eles se interligam pela forma de cantar, pela sonoridade. Vai desde o Zouck ao Afrobeat, passando pela Kizomba e o RnB; mas, lá está, soa muito bem porque os estilos casam-se entre si.

Tens algum artista em quem te inspires?

Tenho o rei do pop, Michael Jackson, que foi o meu grande mentor para tudo o que sou hoje. Também adoro Justin Timberlake, Usher, Jason Derulo e Cris Brown porque são artistas que, na dança, são idênticos à minha forma de estar na música.

Bem, só inspirações top! Disseste que te identificas com a forma com que eles dançam. Posso dizer então que tentas trazer algo deles para o teu som?

Não. Fomos todos beber ao mesmo mentor, Michael Jackson, e eu sou mais um entre eles, daí sermos todos iguais na maneira como estamos na música, quer seja a dançar, cantar, vestir, sentir a música...
A diferença entre eles e eu é que eles estão num grande país que é os Estados Unidos da América (EUA), onde a projeção é gigante.
Eu estou em Portugal a cantar em português para o meu público. E não troco isso, mas tenho noção das coisas que fiz e posso vir a fazer pelo meu país. Se não fosse isso, não seria mais nem menos que nenhum dos nomes que citei.
Num show grande que fizesse em Portugal poderia e poderei dar ao meu público um espetáculo envolvente como esses artistas internacionais o fazem. Um dia poderei mostrar que em Portugal existe artistas com o mesmo potencial a nível de show, mesmo que cantado em português.


Uma atuação no programa "Grande Tarde" (SIC) com os apresentadores Daniel Oliveira
e Andreia Rodrigues. O cantor é presença assídua em diversos programas de televisão

Ainda bem que tocaste nessa ferida. Portugal nem sempre valoriza os artistas que tem porque "o que vem de fora é que é bom". Encontras obstáculos por seres um cantor português que canta português?

Óbvio que sinto e passo por muitos obstáculos. Às vezes é complicado as pessoas entenderem de uma vez por todas que se eu estivesse a imitar "A, B, C", eles também estariam a imitar alguém porque todos temos a mesma inspiração.
O Justin vem a Portugal e as pessoas veneram-o. Ok, ele tem a projeção que tem, mas eu acho piada porque tenho sons na mesma linha e, por exemplo, a dança é um talento que não fico atrás dele. Sei bem o que posso fazer...
Neste álbum, fiz questão que o tema fosse RnB para mostrar a minha verdadeira identidade como performer. Como o nome do álbum é "Viciado em ti", vou viciar as pessoas nas minhas novas músicas e tenho mostrado essa vertente mais dançável (dançante). Tenho recebido muitas críticas positivas por estar mais solto que nunca neste CD, mostrando que posso fazer o que esses artistas internacionais fazem.

Antes da música, tentaste seguir o caminho do futebol. Sonhaste em seguir outra profissão além desta?

Não, seria mesmo o futebol. Não continuei porque não quis.
O futebol era uma das maiores promessas da minha época. Sabia que era bom e tinha talento, por isso, era muito vaidoso e pouco humilde. Confesso ter-me perdido nesse meio, mas graças a Deus percebi que assim não ia a lado nenhum na vida. Aprendi com os erros e hoje mudei.

Uma massagem no ego faz bem, mas há que saber dosar porque podemos nos perder entre um elogio e outro. 
Qual foi a melhor atuação que fizeste? Qual foi o teu melhor público?

Foi no norte do país. Lá eles vivem a música e valorizam muito o artista.
Não sei o porquê, mas no norte eles fazem maiores enchentes para verem o artista do que em outras partes do país. Não me posso queixar porque já tive multidões também na área Centro - Lisboa e também no sul. 


Pareces-me uma pessoa que tem cuidados coma imagem. És muito vaidoso?
E por falar nisso, há quem se envaideça ao ser reconhecido nas ruas. És muito assediado?

Sou uma pessoa que cuida muito da imagem, mas para andar neste meio tem que ser, senão estava feito.
Quanto ao ser assediado, sim. Vejo isso como uma forma de carinho e apoio das pessoas para comigo. Não me envaideço.

Quais são os teus maiores sonhos?

Encher o MEO Arena, produzir vários discos, ter muito sucesso, e fazer a minha vida disto, até onde puder porque faço música para as pessoas e fico orgulhoso quando vejo um espaço gigante cheio de gente a cantar a minha música. É uma sensação única que acontece apenas com quem vive e sente isso em cima do palco. Não há palavras para descrever, apenas vivendo ou sentindo.

Show numa praça de touros, na Póvoa do Varzim, em Portugal. Bruno diz que
no norte está o seu melhor público, mas que é bem recebido por toda a parte do
país.
Algumas vezes citaste o nome de Deus. És uma pessoa muito religiosa?

Sou. Atualmente não sou praticante, mas acredito muito,

Quando estás num dia menos produtivo, o que fazes para recarregar as energias?

Boa pergunta. Tento ver se o dia passa mais depressa para o pensamento negativo desaparecer. Este é o segredo, mesmo que eu não esteja bem e as coisas não estejam a andar como quero. Há que ultrapassar os obstáculos da melhor forma.

Fiz uma pesquisa e notei que até podes não ser famoso na internet, mas, em contrapartida, o teu CD está no Top 5 de mais vendidos na categoria "Música Portuguesa" em várias lojas do país. 


Eu também sou conhecido na internet, só que não divulgo o meu trabalho a nível de redes sociais, nem de vídeos. Quando apareço, estou sempre envolvido nas coisas de maior prestígio em Portugal desde a programas de televisão, festas da elite e lugares onde só estão os melhores e mais falados artistas do país.
Um exemplo: sou dos poucos artistas que tem notícias sobre o seu trabalho nas melhores revistas do país. Não me preocupo com a internet, não me preocupo com vídeos no YouTube ou acessos. Não vivo de coisas virtuais. Vivo do real.

Este é o "MEO Arena", uma sala de espetáculos que fica em Lisboa. O sonho
do Bruno é encher este espaço num show dele

Como é para ti saber que que o teu trabalho é reconhecido?

É muito gratificante estar pela terceira vez no Top  dos cinco mais vendidos. É assim desde o primeiro CD. Há alturas em que fico a número 1 de vendas.
Sendo este meio muito concorrido, é gratificante estar onde estou. Agradeço ao fãs pelo apoio e por comprarem o CD. Foram eles que me puseram aqui. 
Somos cada vez mais. Juntos vamos chegar muito longe!

Bruno Mendez é...

É sinónimo (sinônimo) de entrega, partilha, luta e dever cumprido...


                                     

Ficamos uma hora e quinze minutos à conversa e foi muito bom.
Bruno Mendez, muito obrigada por teres aceite falar para o "A escrita e eu". Adorei conhecer-te melhor e ao teu trabalho também!

E vocês, gostaram da entrevista? 





Todas as imagens aqui foram retiradas do perfil do Facebook do cantor e publicadas com a autorização do próprio.

28 de agosto de 2015

É já amanhã!


Como publiquei na página do facebook, amanhã entrevistarei o cantor português Bruno Mendez.
A entrevista será publicada no domingo.
Não percam!

capa do álbum "Viciado em ti", de Bruno Mendez

23 de agosto de 2015

Olá, mundo!

O meu aniversário comemorou-se no dia 22. Foi um dia muito bem passado cheio de amor e alguns presentes que adorei, como o headfone - perfeito para quem não vive sem música!

Para a semana já pretendo publicar a entrevista aqui no blog, se tudo correr como espero.

Deixo-vos uma foto do meu bolo delicioso de brigadeiro.

Com direito a "Parabéns Jheniffer" e tudo

17 de agosto de 2015

A Escrita Entrevista


Em junho, o blog publicou a sua primeira entrevista. O feedback foi super positivo tanto para mim como para a entrevistada que, inclusive, recebeu novos trabalhos após o nosso post.

Adorei a experiência de escrever sobre outras pessoas aqui no blog e, por isso, a nossa segunda entrevista sairá em breve. Desta vez o nosso entrevistado será um homem, um cantor português.

Sim, um cantor! Aguardem...



6 de agosto de 2015

O próximo que poucos vêem


Bom, já há algum tempo que quero escrever sobre este assunto e, durante uma discussão na aula de Ética e Legislação Jornalística na faculdade, surgiu a oportunidade que há muito esperava e, agora, não tenho como fugir deste post.

No Brasil, além de varredores de rua, estes profissionais têm um nome específico: garis. Sim, garis! Na verdade, podem também ser chamados de coletores de lixo mas, popularmente falando, é este o nome que se usa.

este é o "Sorriso", o gari mais famoso do Brasil. É conhecido pela alegria com que exerce o seu trabalho, principalmente quando limpa o Sambódromo do Rio de Janeiro, no intervalos entre uma escola de samba e outra: fonte

Estes senhores e senhoras que cuidam da limpeza do nosso espaço são pouco valorizados. Não sei exatamente o motivo, mas é a simples e triste ideia que nós temos de pensar que eles não fazem mais que obrigação de andar ali de sol a sol a varrer dezenas de lixo não só que o próprio ambiente produz como as folhas que caem das árvores, mas também o lixo que nós deitamos (jogamos) ao chão sem o mínimo de consciência.

É com cada frase que já ouvi (algumas até em tom de brincadeira, mas, como diz o ditado "a brincar, a brincar, é que se dizem as verdades"): "se eu não deitasse lixo para o chão, eles não receberiam ao fim do mês" ; "andar com uma vassoura na mão não é trabalho" e por aí vai...

uma manifestação onde estes trabalhadores reinvindicavam os seus direitos; fonte

Os varredores de rua são diariamente ignorados pelas pessoas que por eles passam. É como se o lixo que eles varrem tivesse mais valor que o próprio ser, afinal, o lixo ainda pode ser reciclado.... É um tremendo absurdo escrever uma frase destas, mas, se todos pararem para pensar, é esta a nossa realidade.

Não é só aqui no Brasil que há esta indiferença, em Portugal (é o país que posso citar porque é o que conheço bem, além do meu) acontece o mesmo. Posso ir de encontrão (esbarrar) a alguém desconhecido que peço logo desculpas, mas se esse alguém estiver fardado (uniformizado) e a apanhar lixo, é como se esse encontrão sequer tivesse acontecido. 
Incluive, posso passar por alguém e desejar um "Bom dia!" mas se esse alguém apresentar-se como descrevi acima, essa saudação está fora de questão porque o que realmente devemos fazer é levantar a cabeça ou olhar para o lado, enquanto o outro, ao perceber a situação, abaixa-se e continua o seu trabalho...

em Portugal, é assim que ele se vestem... ; fonte

Não estou a "julgar" o outro, estou apenas a mostrar como eu vejo a situação. E eu também nem sempre agi da maneira correta.
Obviamente nunca desprezei este tipo de trabalho - bastante digno por sinal! -, mas já me vi em situações em que uma "Boa tarde!" ficou por dizer...

Hoje em dia, procuro ver mais o outro, ainda que este outro esteja camuflado com uma roupa ou objeto que não seja bem visto pela maioria.
Portanto - e se o blog falasse! - pediria uma salva de palmas para essas pessoas que suportam os horrentos odores dos resíduos, as caras feias da mulher de saltos altos e finos e do homem com vestimenta clássica, ou de pessoas como eu que calçam uns ténis (tênis) e vestem umas calças jeans.

Afinal, quem seríamos nós sem o trabalho desses senhores? 

aqui está a prova que não é um trabalho exclusivo para homens; fonte


1 de agosto de 2015

Recado aos amigos distantes


Meus companheiros amados,
não vou espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.



um poema de Cecília Meireles; fonte